quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Feliz 2010

Aos amigos - de quem gosto devagar, para poder saborear a amizade que fazem o favor de me dispensar - aos trabalhadores, aos desfavorecidos e deserdados, quero desejar um FELIZ 2010.
Aos outros, aos que diariamente se encarregam de nos tramar a vida, prometo não lhes dar descanso e trabalhar para lhes oferecer a possibilidade de estarem deste lado, do lado de cá da vida, do lado dos desfavorecidos, dos pobres, dos trabalhadores por conta de outrem com salários em atraso, dos despedidos, dos precários, dos assalariados sem direitos, das vitimas da sua opulência, dos deserdados da sorte e da fortuna…
Não, não é espírito de vingança, mas tão só dar-lhes a oportunidade de exercitarem o amor - à justiça evidentemente - sobretudo agora que estamos a sair de uma época tão propensa à bondade.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Uma mulher. Uma grande mulher!



Grande mulher. Digna representante do Povo Saurui.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Um reino maravilhoso, que desaparece perante a ganancia e a incuria do poder


As memórias são o que são, e cada um de nós terá as suas, Fernando Gouveia, autor do texto que pode ler aqui ou aqui, é um transmontano que num belo texto de opinião, penetra nas suas memórias - memórias da Linha do Tua - transportando-nos pela força e beleza do seu verbo aquela extraordinária região [Trás-os-Montes], gémea da minha [Alentejo] na beleza e na desdita, dando nota de um mundo que estando ainda ali, se vai esvaindo e desaparecendo como grãos de areia por entre os dedos, rendido à chamada modernidade, para gáudio das necessidades energéticas do país, mas que em boa verdade consubstanciam a derrota do mundo natural e equilibrado perante a ganância e a incúria das elites do poder politico, mas sobretudo destruído pelo poder económico.
Fiz o penúltimo circuito ferroviário Mirandela – Tua e Tua – Mirandela, no dia seguinte deu-se aquele trágico acidente… Não sei, não posso confirmar, mas tenho a impressão que aquele “acidente” não foi “acidental”… Pois, foi isso, o princípio do fim…
Sou alentejano, dos sete costados – e se mais costados houvesse de mais eu seria – sinto-me bem na minha região e quero-a como se fosse só minha, porem não a quero só para mim… mas também gosto e aprecio a região e as gentes de Trás-os-Montes.
Trás-os-Montes que, segundo Torga, é um "Reino Maravilhoso" que todos podem ver, desde que "os olhos não percam a virgindade original diante da realidade e o coração, depois, não hesite".
É este reino que vai ser sacrificado ao desvario e ao deslumbramento dos senhores do poder. Se nos calarmos; se nos remetermos ao nosso canto; se fingirmos que não é connosco; se…
Ao ler o artigo de Fernando Gouveia que descobri na sequência da iniciativa legislativa de “Os Verdes” tentando travar a construção da barragem, uma certa nostalgia tomava-me a alma…
Li e releio, com alguma avidez até, o texto que o autor denominou como “Rio Tua. Fim das memórias”. Diz ele
«Quem conheceu o rio selvagem da minha infância não pode deixar de pensar que o ambiente é feito de memórias de homens, de gerações de homens, envolvidos ao longo duma permanência milenar com uma paisagem característica que determinou uma certa forma de vida e de actividade. Essas marcas de memória estão impressas na paisagem. Essas árvores de fruto plantadas em ravinas, essas oliveiras, essas vinhas velhas, essas colmeias, essas casinhas plantadas de longe em longe, as capelas, as povoações debruçadas sobre o rio, tudo isso é parte duma identidade sedimentada, alheia talvez ao bulício dos negócios, mas consciente dos valores da solidariedade, da vizinhança, do respeito da natureza

Eu acho que não são apenas as memorias que se dissipam, é um bocado de nós que desaparece… Como quando os sinos dobram…
Será que vamos conseguir travar aquele processo?
Não sei... mas podemos tentar, assinando a petição, aqui.

Um autentico fartote, um regabofe…


Para a casta que se apossou do poder após os anos felizes – anos que trouxeram a nossa revolução para a rua – os trabalhadores e as suas ORT’s falam de mais e nunca, mas nunca têm razão. Ou são correias de transmissão de não sei quem – agora, para essa corja, não são “apenas” correias de transmissão dos comunistas, são-no também dos bloquistas – ou são uma espécie de dinossáurios do jurássico com importância reduzida ou apenas com interesse eventualmente na ciência politica que os há-de catalogar como uma espécie triturada pela globalização ou coisa que o valha, eventualmente alimentarão uma boa dissertação cavaqueira com meia dúzia de anormais bem falantes ditos iluminados que pululam como analistas nas nossa pobre televisão, na rádio e na imprensa escrita.
Tem sido sempre assim, sobretudo desde aquele famigerado mês de Novembro, mas o tempo – sempre ele – acaba invariavelmente por lhes dar razão.
Quando, já lá vão uns anitos, o SNTCT (Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações) e os trabalhadores da empresa puseram em causa a gestão de Horta e Costa, acusando-o de gestão faustosa e danosa, logo os tais fazedores de opinião saltaram para a ribalta, defendendo quem lhes paga e acusando os trabalhadores de irresponsáveis e, claro, de serem correias de transmissão…
Mas o tempo – e a investigação policial – deu-lhes razão. O caso da venda do edifício dos CTT em Coimbra é bem elucidativo dos negócios que aquela gestão terá permitido, terá incentivado e com os quais terá lucrado.
Quando em 1993 a CT (Comissão de Trabalhadores) da CP denunciou um negocio sujo, o qual passou pela CP comprar sucata a 150$00 /Kg (ainda no tempo dos escudos) que depois terá vendido a 17$00/Kg ao sucateiro Manuel Godinho, os trabalhadores para os mesmos bem falantes e bem pensantes, não passavam de uns tristes sempre a dizer a mesma coisa, e lá veio novamente o estigma, são correias de transmissão comunista…
Pois, mas agora o Manuel Godinho, o Vara, o Penedos e outros aparecem enrolados na “Face Oculta” onde o móbil dos crimes era precisamente a sucata

Eles bem ladram, enquanto isso, os trabalhadores e as suas ORT’s continuarão, irredutíveis, dignos e serios na prossecução dos seus objectivos, melhorar e defender as condições de vida de quem trabalha e sustenta esta corja.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Gente, não são com toda a certeza!

A António de Sousa, Presidente da Associação de Bancos Portugueses custa-lhe aceitar, entender sequer, um imposto destinado apenas à banca. O imposto em causa é nada menos que a intenção, intenção repito, de o governo vir a taxar o bónus dos gestores da banca. Os gestores da banca, foram como todos sabemos os principais causadores, responsáveis directos da crise económica que assola o mundo, no entanto para alem dos vencimentos astronómicos que auferem, estes papões ainda se abotoam com outro tanto, quando não maior bolo em bónus. Bónus que pode vir a ser taxado.
A mim custa-me entender esta gente, [Serão mesmo gente?] estes gananciosos de merda, a banca sempre viveu em regime de excepção, - Tanto assim é que paga em impostos cerca de metade, em termos percentuais evidentemente, que um cidadão comum. - e têm o descaramento, a pouca vergonha de se insurgir contra o putativo imposto sobre os bónus dos banqueiros.
Francamente!?
Gente, não são com toda a certeza!

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Justiça; a casa dos outros


Após criticas aos juízes por parte de António Marinho Pinto, bastonário da Ordem dos Advogados, António Martins presidente da Associação Sindical dos Juízes veio a terreiro declarar enfaticamente que, passo a citar: «O Sr. Bastonário que cuide da Ordem dos Advogados porque, quem não consegue cuidar da sua própria casa, nem sequer tem legitimidade para falar da casa dos outros.»

Falta de legitimidade para falar da casa dos outros, disse o Sr. António Martins. A legitimidade em termos abstractos, é sempre subjectiva, porem no caso presente para discutir a justiça e os seus agentes a questão da legitimidade não se coloca tão-pouco. Não se coloca porque é inerente à condição de cidadão, todos os cidadãos têm essa legitimidade por inerência, ponto!
Porem entendo que a “legitimidade” a que António Martins alude é apenas uma construção semântica, uma “força de expressão” mais que qualquer outra coisa. Mas, quando refere a “casa dos outros” está nitidamente a marcar terreno.
«Isto é meu, aquilo é teu»; «esta é a nossa casa, aquela a vossa
Eu julgava que a Justiça era de [para] todos, não apenas dos. No caso dos senhores juízes.
Se a justiça e os seus problemas, são um exclusivo de outros, no caso presente outros significa juízes. Se apenas a estes cabe discutir a justiça [que denominam por sua casa] ela não é de [para] todos.
Bom… a verdade é que assim é… mas não devia,

PS: António Marinho Pinto, está longe de ser isento nas suas análises, há na sua intervenção publica demasiada coincidência com a estratégia e politica governamental, para ser apenas fruto do acaso.
Apesar de ter muita razão…

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Quem trava esta escumalha que se apossou de alguns lugares chave do sistema?


Quando os sindicatos, sobretudo o SNTCT denunciou o caso, logo uns senhores bem pensantes, ditos fazedores de opinião, foram chamados aos noticiários para "botarem faladura" sobre o assunto, todos concluíram que os sindicatos, a soldo dos comunistas e das oposição estava a especular. "Nos CTT ninguém roubou nada, tudo o que os sindicatos em tempo útil denunciaram, incluindo a opulência da administração, evidenciava, na opinião destes ilustres bem pensantes, uma gestão moderna e os negócios, negócios limpos…"
Era, não era?!
Um pequeno excerto da noticia do Jornal de Noticias de hoje, não ajuda a fazer luz, remete-nos porem para a complexidade deste caso mas sobretudo para o avolumar de indícios de que os culpados não serão punidos…

«O caso começa em 2002, mas recue-se só a 20 de Março de 2003. Neste dia, Júlio Macedo e Pedro Garcês, sócios da Demagre e da TCN, utilizam a primeira para comprar, por 15 milhões, o maior edifício dos CTT em Coimbra. E, na mesma hora, revendem--no ao Grupo Espírito Santo, por 20 milhões. Ambas as escrituras são lavradas na Batalha, a cidade onde, a seguir, levantam o milhão.
(…)
Mais tarde, em busca à TCN, é apreendido um documento designado "CTT Coimbra - Estimativa de Fecho", onde a rubrica "Custos" menciona a entrega de um milhão de euros a "Amigos dos CTT". »

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Defesa da imagem na TV, porque presumivelmente, inocente. Pois!...

E pronto o arguido Armando Vara teve direito a entrevista na TV para defender a sua imagem. Deduzo que a partir de agora, mesmo os facínoras da pior índole, têm esse direito... a presunção de inocência também lhes assiste, ou não?

Professor/Alunos (Relações)


É só sacar, sacar...

Supunha-se que a “Acção Social Escolar” servisse para suprir algumas carências de âmbito social aos nossos estudantes. Supunha-se… porque feitas as continhas verifica-se que o governo “surripiou” verbas dessa fundação, o governo ou o ministro titular da pasta, para subsidiar o programa e-escolas, isto é para pagar o “Magalhães”.
Este governo é campeão nas habilidades, talvez sejam resquícios de um tempo em que alguns engenheiros, ou próximo disso, assinavam projectos feitos e elaborados por desenhadores, cobrando um tanto por essa assinatura. Enfim…
Um exemplo recente dessas habilidades, nomeadamente usar abusivamente recursos destinados à segurança social, sucedeu o aumento do salário mínimo. Isto é o aumento vai acontecer, mas à custa da segurança social, pois o governo já se encarregou de reduzir a prestação das empresas para a segurança social, suprindo assim os custos do aumento e fazendo-os recair sobre a segurança social que dizem deficitária.
Deficitária?! Pois se é só sacar e nada a entrar… Claro, aquilo não é um poço sem fundo.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Estado paga milhões por edificios que vendeu


O que me incomoda não é a incompetência dos titulares de cargos públicos, nomeadamente a dos políticos que os ocupam – nunca votei nesta família política nem nos seus primos – conheço o que os move e a quem servem. O que me incomoda, o que me dói é ver que os portugueses continuam a votar neles e ou nos primos. (O PS e o PSD de quando em vez engalfinham-se, mas é só teatro, bem no fundo são farinha do mesmo saco, falam pela voz do mesmo dono que é o grande capital. Grande capital que umas vezes aposta num, outras noutro consoante a conjectura politica. E vezes há em que se socorre dos extremistas da direita parlamentar, mais que não seja para chamar o PSD à “razão”.)

E incomoda-me que em mais de trinta anos de democracia não tenhamos ferramentas jurídicas que sejam capazes de punir estes responsáveis, esta gente que delapida o património público e nada lhes acontece.
Quer dizer em pouco anos os compradores recebem em rendas o que pagaram pelos imóveis e o Estado passa de proprietário a inquilino… o dinheiro que recebeu esvaiu-se como areia entre os dedos e o património é de outros…
Pois, nas próximas lá estamos encarneirados a botar o votinho neles, felizes e contentes. Pois então!!

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

"... nomeio o licenciado Artur ... Penedos..."

Isto é que é coragem, nem mesmo com a suspeição que atinge os "Penedos" Sócrates se sentiu condicionado para fazer esta nomeação. De peito aberto e caneta em punho, ei-lo a nomear...


Pois…




Pode ver/ler aqui no Diário da República online

domingo, 6 de dezembro de 2009

Foi bonita a festa... pá!

Castelo de Vide
Recordação do jantar convivio dos artilheir@s de 59



* * *

Comissão para o III convivio dos mailto:cv.artilheirosde59@gmail.com de 59 (55 anos - 2014)

Albina Magusto
António Simão
Ermelinda Farinha
João Pedro Soares
Joaquina Bicho
José  Carrilho
Manuela Grilo

AJA, reflexão!

Sendo uma carta de âmbito associativo, dirigida aos associados e amigos da AJA (Associação José Afonso) entendo que a carta pode ser pública, na medida em que assim pode alcançar mais facilmente os seus objectivos - "definir linhas de orientação para o futuro.” - dai a razão de a tornar publica, embora me tivesse sido dirigida particularmente


* * *



Estimados sócios e amigos da ASSOCIAÇÃO JOSÉ AFONSO


Não estranhem esta carta.

Ela é, como tudo o que nos é comum, determinada por factos que nos conduzem às lembranças do que somos, do que fazemos, porque fazemos, para quê e para quem.
A AJA precisa de pensar neste momento o que é, para que serve e de definir linhas de orientação para o futuro.
Pensamos que o poderemos fazer reunindo-nos para um almoço (feijoada), no Bando, em Palmela, no próximo dia 12 de Dezembro, sábado, às 13 horas e em que cada um pagará 15 euros.
Será um belo encontro em pleno Parque Natural da Arrábida, em que saberemos uns dos outros, e falaremos com realismo da história da AJA, das dificuldades em conceber a cultura como um bem necessário, da actualidade do exemplo de vida e obra do ZECA e de outras coisas que vierem à baila...
Se não servir para mais nada, mataremos saudades, o que já por si é um estímulo.
Certos de que a ASSOCIAÇÃO JOSÉ AFONSO será motivo suficiente para este encontro pedimos a confirmação até dia 7 para o telefone ou associacaojoseafonso@gmail.com


UM ABRAÇO FRATERNO E SOLIDÁRIO

O Presidente da Direcção

Francisco Fanhais

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Manel, de que é que estás à espera?



Manuel Alegre perfila-se como candidato à presidência e, à partida, parece capaz de derrotar o actual ocupante do lugar.
Manuel Alegre é quem é, e dele não espero mais que isso mesmo, que seja ele próprio e que se disponha uma vez eleito a ser ele mesmo, mas se tiver que vacilar – está-lhe no carácter – que não esqueça o lado que o vai eleger, os trabalhadores e os desfavorecidos deste país. Se vacilar tem que ser para este lado.
Esse compromisso ter que ficar claro.
Se Alegre se candidatar, e salvo alguma vaga de fundo que dê a volta a isto tudo, conto votar nele. Porem é preciso que se decida, sobretudo para não dar margem de manobra aqueles que no partido de Sócrates se preparam para lançar a candidatura de Jaime Gama, um homem desde sempre ligado à linha mais a direita do PS e um admirador confesso da “obra” de João Jardim.

As portas que Ary abriu

José Carlos Ary dos Santos, poeta e escritor de cantigas, porventura o maior no género, nasceu em Lisboa a 7 de Dezembro de 1937 e faleceu nesta mesma cidade em 18 de Janeiro de 1984.

Militante do PCP desde 1969, o seu nome fica ligado para sempre ao 25 de Abril e ao tempo que se lhe seguiu. Ary escreveu nessa época diversos poemas, alguns que ele próprio declamou. “As Portas que Abril Abriu” é porventura um dos mais marcantes poemas. Mas, Ary que começou a escrever bem cedo destacou-se sobretudo no campo das cantigas, são da sua autoria as mais belas canções – na minha opinião evidentemente – que têm preenchido o panorama da canção ligeira em Portugal.

Os três vídeos que se seguem, são apenas três exemplos da sua capacidade poética. Ary escreveu “A desfolhada” que Simone interpretou e ganhou o Festival da Canção de 1969, porventura uma pedrada no charco do panorama do cancionetismo nacional. “Menina” com que Tonicha ganhou o Festival de 1971 também é da autoria de Ary dos Santos e em 1973, o Festival foi ganho por Fernando Tordo interpretando a celebre “Tourada”, outra pedrada no charco, também da responsabilidade poética doe José Carlos Ary dos Santos.

Mais dados biográficos do poeta José Carlos Ary dos Santos pode ler aqui no blogue do meu amigo José Raposo.


Nota: Na impossibilidade, prevista, de o fazer no proximo dia 7 aqui fica a minha homenagem ao poeta Ary que faria no próximo dia 7, Segunda-feira, 72 anos se fosse vivo. Faleceu jovem, com apenas 46 anos de idade em 1984.

* * *

1973 - "Tourada" - Interpretação  Fernando Tordo




1971 - "Menina" -  Interpretação Tonicha



1969 - "Desfolhada" -  Interpretada por Simone de Oliveira

"As portas que Abril abriu"

AS PORTAS QUE ABRIL ABRIU

Era uma vez um país
onde entre o mar e a guerra
vivia o mais infeliz
dos povos à beira-terra.

Onde entre vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
um povo se debruçava
como um vime de tristeza
sobre um rio onde mirava
a sua própria pobreza.

Era uma vez um país
onde o pão era contado
onde quem tinha a raiz
tinha o fruto arrecadado
onde quem tinha o dinheiro
tinha o operário algemado
onde suava o ceifeiro
que dormia com o gado
onde tossia o mineiro
em Aljustrel ajustado
onde morria primeiro
quem nascia desgraçado.

Era uma vez um país
de tal maneira explorado
pelos consórcios fabris
pelo mando acumulado
pelas ideias nazis
pelo dinheiro estragado
pelo dobrar da cerviz
pelo trabalho amarrado
que até hoje já se diz
que nos tempos do passado
se chamava esse país
Portugal suicidado.

Ali nas vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
vivia um povo tão pobre
que partia para a guerra
para encher quem estava podre
de comer a sua terra.

Um povo que era levado
para Angola nos porões
um povo que era tratado
como a arma dos patrões
um povo que era obrigado
a matar pôr suas mãos
sem saber que um bom soldado
nunca fere os seus irmãos.

Ora passou-se porém
que dentro de um povo escravo
alguém que lhe queria bem
um dia plantou um cravo.
Era a semente da esperança
feita de força e vontade
era ainda uma criança
mas já era a liberdade.

Era já uma promessa
era a força da razão
do coração à cabeça
da cabeça ao coração.
Quem o fez era soldado
homem novo capitão
mas também tinha a seu lado
muitos homens na prisão.

Esses que tinham lutado
a defender um irmão
esses que tinham passado
o horror da solidão
esses que tinham jurado
sobre uma côdea de pão
ver o povo libertado
do terror da opressão.

Não tinham armas é certo
mas tinham toda a razão
quando um homem morre perto
tem de haver distanciação

uma pistola guardada
nas dobras da sua opção
uma bala disparada
contra a sua própria mão
e uma força perseguida
que na escolha do mais forte
faz com que a força da vida
seja maior do que a morte.

Quem o fez era soldado
homem novo capitão
mas também tinha a seu lado
muitos homens na prisão.

Posta a semente do cravo
começou a floração
do capitão ao soldado
do soldado ao capitão.

Foi então que o povo armado
percebeu qual a razão
porque o povo despojado
lhe punha as armas na mão.

Pois também ele humilhado
em sua própria grandeza
era soldado forçado
contra a pátria portuguesa.

Era preso e exilado
e no seu próprio país
muitas vezes estrangulado
pelos generais senis.

Capitão que não comanda
não pode ficar calado
é o povo que lhe manda
ser capitão revoltado
é o povo que lhe diz
que não ceda e não hesite
— pode nascer um país
do ventre duma chaimite.

Porque a força bem empregue
contra a posição contrária
nunca oprime nem persegue
— é força revolucionária!

Foi então que Abril abriu
as portas da claridade
e a nossa gente invadiu
a sua própria cidade.

Disse a primeira palavra
na madrugada serena
um poeta que cantava
o povo é quem mais ordena.

E então por vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
desceram homens sem medo
marujos soldados «páras»
que não queriam o degredo
dum povo que se separa.
E chegaram à cidade
onde os monstros se acoitavam
era a hora da verdade
para as hienas que mandavam
a hora da claridade
para os sóis que despontavam
e a hora da vontade
para os homens que lutavam.

Em idas vindas esperas
encontros esquinas e praças
não se pouparam as feras
arrancaram-se as mordaças
e o povo saiu à rua
com sete pedras na mão
e uma pedra de lua
no lugar do coração.

Dizia soldado amigo
meu camarada e irmão
este povo está contigo
nascemos do mesmo chão
trazemos a mesma chama
temos a mesma ração
dormimos na mesma cama
comendo do mesmo pão.
Camarada e meu amigo
soldadinho ou capitão
este povo está contigo
a malta dá-te razão.

Foi esta força sem tiros
de antes quebrar que torcer
esta ausência de suspiros
esta fúria de viver
este mar de vozes livres
sempre a crescer a crescer
que das espingardas fez livros
para aprendermos a ler
que dos canhões fez enxadas
para lavrarmos a terra
e das balas disparadas
apenas o fim da guerra.

Foi esta força viril
de antes quebrar que torcer
que em vinte e cinco de Abril
fez Portugal renascer.

E em Lisboa capital
dos novos mestres de Aviz
o povo de Portugal
deu o poder a quem quis.

Mesmo que tenha passado
às vezes por mãos estranhas
o poder que ali foi dado
saiu das nossas entranhas.
Saiu das vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
onde um povo se curvava
como um vime de tristeza
sobre um rio onde mirava
a sua própria pobreza.

E se esse poder um dia
o quiser roubar alguém
não fica na burguesia
volta à barriga da mãe.
Volta à barriga da terra
que em boa hora o pariu
agora ninguém mais cerra
as portas que Abril abriu.

Essas portas que em Caxias
se escancararam de vez
essas janelas vazias
que se encheram outra vez
e essas celas tão frias
tão cheias de sordidez
que espreitavam como espias
todo o povo português.

Agora que já floriu
a esperança na nossa terra
as portas que Abril abriu
nunca mais ninguém as cerra.

Contra tudo o que era velho
levantado como um punho
em Maio surgiu vermelho
o cravo do mês de Junho.

Quando o povo desfilou
nas ruas em procissão
de novo se processou
a própria revolução.

Mas eram olhos as balas
abraços punhais e lanças
enamoradas as alas
dos soldados e crianças.

E o grito que foi ouvido
tantas vezes repetido
dizia que o povo unido
jamais seria vencido.

Contra tudo o que era velho
levantado como um punho
em Maio surgiu vermelho
o cravo do mês de Junho.

E então operários mineiros
pescadores e ganhões
marçanos e carpinteiros
empregados dos balcões
mulheres a dias pedreiros
reformados sem pensões
dactilógrafos carteiros
e outras muitas profissões
souberam que o seu dinheiro
era presa dos patrões.

A seu lado também estavam
jornalistas que escreviam
actores que se desdobravam
cientistas que aprendiam
poetas que estrebuchavam
cantores que não se vendiam
mas enquanto estes lutavam
é certo que não sentiam
a fome com que apertavam
os cintos dos que os ouviam.

Porém cantar é ternura
escrever constrói liberdade
e não há coisa mais pura
do que dizer a verdade.

E uns e outros irmanados
na mesma luta de ideais
ambos sectores explorados
ficaram partes iguais.

Entanto não descansavam
entre pragas e perjúrios
agulhas que se espetavam
silêncios boatos murmúrios
risinhos que se calavam
palácios contra tugúrios
fortunas que levantavam
promessas de maus augúrios
os que em vida se enterravam
por serem falsos e espúrios
maiorais da minoria
que diziam silenciosa
e que em silêncio fazia
a coisa mais horrorosa:
minar como um sinapismo
e com ordenados régios
o alvor do socialismo
e o fim dos privilégios.

Foi então se bem vos lembro
que sucedeu a vindima
quando pisámos Setembro
a verdade veio acima.

E foi um mosto tão forte
que sabia tanto a Abril
que nem o medo da morte
nos fez voltar ao redil.

Ali ficámos de pé
juntos soldados e povo
para mostrarmos como é
que se faz um país novo.

Ali dissemos não passa!
E a reacção não passou.
Quem já viveu a desgraça
odeia a quem desgraçou.

Foi a força do Outono
mais forte que a Primavera
que trouxe os homens sem dono
de que o povo estava à espera.

Foi a força dos mineiros
pescadores e ganhões
operários e carpinteiros
empregados dos balcões
mulheres a dias pedreiros
reformados sem pensões
dactilógrafos carteiros
e outras muitas profissões
que deu o poder cimeiro
a quem não queria patrões.

Desde esse dia em que todos
nós repartimos o pão
é que acabaram os bodos
— cumpriu-se a revolução.

Porém em quintas vivendas
palácios e palacetes
os generais com prebendas
caciques e cacetetes
os que montavam cavalos
para caçarem veados
os que davam dois estalos
na cara dos empregados
os que tinham bons amigos
no consórcio dos sabões
e coçavam os umbigos
como quem coça os galões
os generais subalternos
que aceitavam os patrões
os generais inimigos
os generais garanhões
teciam teias de aranha
e eram mais camaleões
que a lombriga que se amanha
com os próprios cagalhões.
Com generais desta apanha
já não há revoluções.

Por isso o onze de Março
foi um baile de Tartufos
uma alternância de terços
entre ricaços e bufos.

E tivemos de pagar
com o sangue de um soldado
o preço de já não estar
Portugal suicidado.

Fugiram como cobardes
e para terras de Espanha
os que faziam alardes
dos combates em campanha.

E aqui ficaram de pé
capitães de pedra e cal
os homens que na Guiné
aprenderam Portugal.

Os tais homens que sentiram
que um animal racional
opõe àqueles que o firam
consciência nacional.

Os tais homens que souberam
fazer a revolução
porque na guerra entenderam
o que era a libertação.

Os que viram claramente
e com os cinco sentidos
morrer tanta tanta gente
que todos ficaram vivos.

Os tais homens feitos de aço
temperado com a tristeza
que envolveram num abraço
toda a história portuguesa.

Essa história tão bonita
e depois tão maltratada
por quem herdou a desdita
da história colonizada.

Dai ao povo o que é do povo
pois o mar não tem patrões.
— Não havia estado novo
nos poemas de Camões!

Havia sim a lonjura
e uma vela desfraldada
para levar a ternura
à distância imaginada.

Foi este lado da história
que os capitães descobriram
que ficará na memória
das naus que de Abril partiram
das naves que transportaram
o nosso abraço profundo
aos povos que agora deram
novos países ao mundo.

Por saberem como é
ficaram de pedra e cal
capitães que na Guiné
descobriram Portugal.

E em sua pátria fizeram
o que deviam fazer:
ao seu povo devolveram
o que o povo tinha a haver:
Bancos seguros petróleos
que ficarão a render
ao invés dos monopólios
para o trabalho crescer.
Guindastes portos navios
e outras coisas para erguer
antenas centrais e fios
dum país que vai nascer.

Mesmo que seja com frio
é preciso é aquecer
pensar que somos um rio
que vai dar onde quiser

pensar que somos um mar
que nunca mais tem fronteiras
e havemos de navegar
de muitíssimas maneiras.

No Minho com pés de linho
no Alentejo com pão
no Ribatejo com vinho
na Beira com requeijão
e trocando agora as voltas
ao vira da produção
no Alentejo bolotas
no Algarve maçapão
vindimas no Alto Douro
tomates em Azeitão
azeite da cor do ouro
que é verde ao pé do Fundão
e fica amarelo puro
nos campos do Baleizão.
Quando a terra for do povo
o povo deita-lhe a mão!

É isto a reforma agrária
em sua própria expressão:
a maneira mais primária
de que nós temos um quinhão
da semente proletária
da nossa revolução.

Quem a fez era soldado
homem novo capitão
mas também tinha a seu lado
muitos homens na prisão.

De tudo o que Abril abriu
ainda pouco se disse
um menino que sorriu
uma porta que se abrisse
um fruto que se expandiu
um pão que se repartisse
um capitão que seguiu
o que a história lhe predisse
e entre vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
um povo que levantava
sobre um rio de pobreza
a bandeira em que ondulava
a sua própria grandeza!
De tudo o que Abril abriu
ainda pouco se disse
e só nos faltava agora
que este Abril não se cumprisse.
Só nos faltava que os cães
viessem ferrar o dente
na carne dos capitães
que se arriscaram na frente.

Na frente de todos nós
povo soberano e total
que ao mesmo tempo é a voz
e o braço de Portugal.

Ouvi banqueiros fascistas
agiotas do lazer
latifundiários machistas
balofos verbos de encher
e outras coisas em istas
que não cabe dizer aqui
que aos capitães progressistas
o povo deu o poder!
E se esse poder um dia
o quiser roubar alguém
não fica na burguesia
volta à barriga da mãe!
Volta à barriga da terra
que em boa hora o pariu
agora ninguém mais cerra
as portas que Abril abriu!

Lisboa, Julho-Agosto de 1975

AR aprova fim da distinção entre corrupção por acto lícito e ilícito

O projecto-lei do BE para acabar com a distinção entre corrupção por acto lícito e ilícito foi aprovado no Parlamento. Só o PS votou contra.

Mas porque raio o PS vota contra, que terá este partido a temer com esta medida?

Ai PS, PS… diz-me como votas dir-te-ei quem és?

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

9 mandamentos para destruir uma associação

Com a devida vénia e muita consideração pela Associação “Alma Alentejana” da qual sou associado, reproduzo do Boletim Informativo Nº 28 os “9 mandamentos para destruir uma associação”.


Trata-se de um texto que pode fazer sorrir, mas que é muito sério.
Na qualidade de membro dos Órgãos Sociais do Grupo de Amigos de Castelo de Vide e seu ex Vice-Presidente, deparei-me muitas vezes com esse tipo de criticas, que mais que construir visam destruir, por inveja, mesquinhez ou pequenez que é uma característica de uma certa gente que se regozija com os insucessos que julga alheios sem perceberem que no fundo se riem de si próprios.
Este tipo de critica, [criticismo e bota-abaixo]que em boa verdade o não é, de tão banalizada pode levar a reacções menos correctas perante a crítica construtiva que os associados e as pessoas de um modo geral têm o direito de fazer.
Os dirigentes muitas vezes injustamente criticados, devem ainda assim em cada instante, antes de ripostar, reflectir. Se o fizerem [fizermos] é bem possível que o bom senso impere e possamos separar o “trigo do joio” e as Associações acabem por beneficiar com a crítica. Caso contrario corremos o risco de afastar gente seria e preocupada e gradualmente transformarmo-nos em pequenos tiranetes, ciosos da nossa verdade e da nossa razão sem capacidade para almejar o valor da observação e da crítica.
A crítica e a “vigilância” dos associados, por muito impertinentes que possam parecer, são ainda assim a garantia para que as associações não se transformarem em “objectos” para satisfação do ego ou para serviço pessoal ou partidário.
Por ultimo, uma palavra para o “tarefismo” em que muitos dirigentes associativos acabam por cair. Queixando-se de que ninguém mais faz, desdobram-se em mil e uma tarefa e olham com desdém para a mínima observação critica que se faça.
Essa, é a outra face do problema.
Normalmente esses dirigentes esgotam-se ou secam tudo em redor. Nessas circunstâncias quem perde, invariavelmente é a Associação

***


Para rir... ou levar muito a sério


9 Mandamentos para destruir uma Associação


Aqui tem alguns mandamentos que fazem com que a associação literalmente vá se destruindo.
A finalidade dele é alertar para que tal facto não aconteça em nenhuma Associação, entidade ou similar.
Não frequente a Associação, mas quando lá for, procure sempre algo para reclamar. Se comparecer a qualquer actividade, encontre apenas falhas nos trabalhos.

  1. Nunca aceite uma incumbência. Lembre-se de que é mais fácil criticar do que realizar. Se a Direcção pedir sua opinião sobre um assunto importante, responda que não tem nada a dizer e depois, espalhe entre os sócios, como se deveriam fazer as coisas.


  2. Não se empenhe. Quando os Directores estiverem a trabalhar com boa vontade e interesse para que tudo corra bem, afirme que, afinal, a sua Associação está dominada por um “grupinho”.


  3. Não leia as publicações da Associação e muito menos os comunicados. Afirme que ambos não publicam nada de interessante, ou, melhor ainda, diga que não tem nada para colaborar e que não recebe nada regularmente.


  4. Se for contactado para ocupar qualquer cargo, recuse, alegando falta de tempo e depois critique com afirmações do tipo: “Este grupo o que quer é ficar nos cargos para sempre...”.


  5. Quando tiver divergências com um Director, procure com toda a intensidade, vingar-se na Associação. Faça ameaças de abrir processo ético e envie cartas ao quadro social com acusações pesadas à Direcção.


  6. Sugira, insista e exija a realização de cursos e palestras. Quando a entidade os realizar, não se inscreva. Nem compareça.


  7. Se receber um questionário a solicitar sugestões, não preencha e se a Direcção não adivinhar as suas ideias e pontos de vista, critique e conte a toda a gente que é sempre ignorado.


  8. Após toda esta colaboração espontânea e insistente, quando cessarem as publicações, as reuniões, o lazer e todas as demais actividade, enfim, quando a sua Associação desaparecer, encha o peito e afirme aos quatro ventos, com orgulho: «Eu bem dizia!!!»

1959 – Castelo de Vide - 2009



É já no próximo sábado dia 5

[Ver aqui]

«A vida esgota a vida hora a hora. O tempo gasta o tempo e marca a gente. O espelho mostra como estou diferente. Não estou novo, não sou novo! Mas não me peçam que a vida se apague do fundo de mim.»

O Socialismo é a resposta que o nosso tempo exige para bem e salvaguarda da humanidade

Na sequência do I Encontro Mundial de Partidos e Movimentos de Esquerda [O encontro teve lugar em Novembro deste ano, na cidade de Caracas na Venezuela.] o DN de hoje, publicou um “especial” da responsabilidade de Susana Salvador sobre aquilo a que chamou “A internacional de Hugo Chavez”, desse “especial” foram extraídos as quatro sínteses sobre a I, II, III e IV internacional que se publicam neste blogue.

No encontro da Venezuela, terão estado representados dois partidos portugueses, o Bloco de Esquerda e o PCP, sendo que o Bloco participou como observador do grupo parlamentar da Esquerda Europeia.

Não escondo que, embora com um entendimento diferente da ideia de Hugo Chavez, nutro simpatia por uma organização mundial, que promova a convergência entre as diversas esquerdas, de âmbito mundial, no sentido de travar a descida vertiginosa em direcção ao abismo, apanágio das lideranças europeias e mundiais.

Não direi que “O Socialismo é a Salvação”, assim a frio parece messiânico direi antes que “O Socialismo é a resposta que o nosso tempo exige para bem e salvaguarda da humanidade” .

IV INTERNACIONAL





"O partido mundial dos trabalhadores"


A Quarta Internacional não se dirige aos governos que arrastaram os povos à matança, nem aos políticos burgueses responsáveis por esses governos, nem à burocracia sindical que apoia a burguesia belicista.
A Quarta Internacional dirige-se aos trabalhadores e às trabalhadoras, aos soldados e marinheiros, aos camponeses arruinados e aos povos coloniais escravizados", escrevia Leon Trotsky, em 1940, no Manifesto sobre a Guerra e a Revolução Proletária.
Cinco anos antes de Estaline extinguir a Internacional Comunista, nascia outra. Trotsky, revolucionário russo, fundava em França a IV Internacional: "O partido mundial dos trabalhadores, dos oprimidos e exploradores." Um dos principais dirigentes da Revolução de Outubro, fundador do Exército Vermelho, Trotsky foi afastado por Estaline e expulso da União Soviética. É no exílio que funda a IV Internacional, que se considera herdeira do longo legado revolucionário das anteriores organizações internacionalistas de trabalhadores.


DN/Susana Salvador

III INTERNACIONAL





"O sonho de Lenine que Estaline dissolveu"


Herdeira dos ideais da Internacional fundada por Karl Marx e continuadora de algumas das tradições da segunda se reclamava a Internacional Comunista ou III Internacional (Komintern). Funcionou entre 1919 e 1943, e propunha-se promover a revolução social do proletariado internacional, com o apoio da União Soviética. Era uma espécie de "Estado maior político-ideológico" do movimento revolucionário do proletariado mundial, reunindo os partidos comunistas de diversos países.
Na Internacional Comunista o nome que emerge é o de Lenine, organizador e o principal inspirador da organização. Lenine defendia o marxismo revolucionário e transformação dos partidos comunistas em partidos revolucionários de massa. A III Internacional seguia os passos de Marx, e da sua I Internacional, pretendendo rasgar um caminho verdadeiramente revolucionário que conduzisse ao derrubamento violento do regime capitalista.
Contudo, com a ascensão de Estaline na União Soviética, em 1922, começa a perde parte desses ideais. E é o mesmo Estaline, num gesto de aparente consciencialização com os Aliados (Estados Unidos e Inglaterra), que precipita a dissolução, em 1943, da Internacional Comunista. Mas não acabaria aqui a história, uma outra Internacional, a quarta, entretanto havia sido criada.

DN/Susana Salvador

II INTERNACIONAL





"O desvio reformista com o fim à vista"

Os dados estavam lançados. Desfeita a organização internacionalista que teve Karl Marx como figura de proa, doze anos depois era fundada, na cidade de Paris, a II Internacional. Mantém, nos primeiros anos, a matriz socialista-marxista e faz do 1.º de Maio o Dia do Trabalhador. A partir de 1914, entra num impasse: a maioria dos partidos socialistas solidariza-se com a política dos seus governos. No livro O Primeiro Congresso do Partido Comunista Português, o historiador César Oliveira refere que a II Internacional "foi levada ao parlamentarismo e ao legalismo de acção que redundaram num reformismo sem saída". Émile Vandervelde, do Partido Socialista Belga, foi um principais dirigentes da organização que presidiu de 1900 a 1918. A II Internacional reaparece, em 1923, com o nome de Internacional dos Trabalhadores Socialistas, mas sem o vigor de outrora, e também sem qualquer relevo no movimento operário mundial. A partir de 1947 passa a Comité da Conferência Internacional Socialista. Quatro anos mais tarde, assume o nome de Internacional Socialista. António Guterres foi presidente da organização que reúne hoje 162 partidos sociais-democratas, socialistas e trabalhistas de todo o mundo.

DN/Susana Salvador

I INTERNACIONAL





Marx abre caminho a 'uma terra sem amos'

Os oprimidos e explorados - não os de todo o mundo, ainda - uniam-se.
Em Londres, no ano de 1864, surgia a Associação Internacional de Trabalhadores, mais tarde conhecida como a I Internacional. E um nome irrompe entre os fundadores da organização que desejava mudar o rumo da História: Karl Marx. O revolucionário alemão redigiu os estatutos e a maioria dos documentos programáticos da Internacional, que parecia condenada ao fracasso. As divergências internas, sobretudo devido à presença do anarquista Bakunine, no entanto, não impediram que a primeira organização internacionalista de trabalhadores resistisse até 1876. Na Mensagem Inaugural, Marx fala da necessidade das massas operárias tomar o poder e lançar bases para a fundação de um partido proletário independente. A I Internacional abriu caminho aos partidos políticos operários na generalidades das nações europeias. "Após uma luta de trinta anos", lembra Marx na Mensagem Inaugural, "travada com a mais admirável perseverança, as classes operárias inglesas (...) conseguiram alcançar a Lei das Dez Horas. Os imensos benefícios físicos, morais e intelectuais daí resultantes de todo lado são conhecidos. A maioria dos governos continentais teve de aceitar a Lei Fabril inglesa".

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

25 000 para não fazer companhia ao sucateiro

«O juiz de instrução do processo Face Oculta fixou hoje uma caução de 25 mil euros para o auto-suspenso vice-presidente do Millennium/BCP Armando Vara e proibiu-o de contactar alguns outros arguidos. Vara reitera inocência»
(da imprensa)

Para quem como Armando Vara se diz inocente [Tá bem há aquela coisa da caixa de robalos e um brinquedos para os garotos... Caramba... que importância tem isso?] o juiz teve mão pesada.

- Passa para cá 25 000 se não queres fazer companhia ao sucateiro!

Coitado, onde vai agora o pobre arranjar o pilim?

Ele há com cada juiz!


Esta corja quer ser respeitada. Podemos?


Perante esta capa do Diário de Noticias de hoje, é no mínimo escandaloso, repugnante o vencimento dos gestores, privados e públicos.

Uma pesquisa aleatória no Google revela por exemplo que:

Fernando Pinto, presidente da TAP, ganha cerca de 140 vezes o salário mínimo; que o presidente do conselho de administração da Caixa Geral de Depósitos, Faria de Oliveira, recebe 700.874 euros anuais pagos pelo Estado; que os responsáveis pela Águas de Portugal, Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, Imprensa Nacional - Casa da Moeda e Parpública figuram na lista dos mais bem pagos pelo Estado, largos milhares por mês.
Outras noticias dão nota de que:
Jan 2008 ... Salário dos gestores é 33 vezes mais elevado ... 2,99 Milhões de euros foi o vencimento anual de um administrador executivo do BCP. ...
4 Jun 2007 ... As notícias que têm surgido sobre os vencimentos escandalosamente exagerados dos gestores portugueses, sobretudo em empresas com peso do ..
12 Jan 2008 - Reportagem da RTP(Gestores ganham 30 vezes mais do que ... dá para pagar melhores vencimentos aos gestores nacionais do que aos gestores dos ...
E esta corja ainda quer ser respeitada?

A realidade do invento


terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Suspensão ou “Suspenção“

Esta coisa dos cursos feitos à pressa - a tempo de virar gestor da CGD (onde tinha sido um mero caixa) – tem destas coisas.
Convenhamos um homem não pode saber tudo. Saber português por exemplo não é fácil, não se aprende em Universidades que passam diplomas ao fim de semana, etc...
Quem lhe ensina que pelo facto de uma  palavra aparecer por duas vezes no mesmo texto, não se escreve de maneira diferente.
Suspensão  é  suspensão, não é suspenção.


Nota: Este é um velho truque... Quandoo eu andava  na primária e não sabia como se escrevia determinada palavra… escrevia das duas formas e o professor que escolhesse.
Pois…