segunda-feira, 15 de junho de 2009

Cuidado com eles


O PCP teve um papel importantíssimo na resistência à ditadura. Um papel não apenas importante como fundamental no derrube da ditadura.
Ao PCP e ao altruísmo dos seus militantes, à dedicação e à extraordinária coragem de muitos comunistas devemos a conquista da Liberdade em Abril de 1974. Não apenas a eles é certo, mas sem o seu esforço, abnegação e coragem a luta poderia não ter um corolário como o que teve.
Porem, de Abril para cá, as direcções do PCP e de um modo geral todo o seu aparelho, se auto intitula como o guardião da liberdade e tal como os fascistas, perdoe-se-me a comparação mas de facto assim é, quem não é por eles é contra eles. Mas, mais grave ainda, se porventura alguém do mesmo campo, homem ou mulher, jovem ou adulto, só ou organizado se atreve a “mijar fora do penico” cai o “Carmo e a Trindade” e todos à uma lhe caiem em cima. E quando assim é o PCP não olha a meios.
Antes do 25 de Abril, chegaram a denunciar nas páginas do Avante a entrada no país de resistentes que tendo sido comunistas, ou continuando a seguir a doutrina, saíram do PCP. No Verão de 1964, depois de visitar a Albânia e a China, Francisco Martins Rodrigues tentou instalar no interior do país a direcção da CMLP. O PCP não teve nenhum prurido em denunciar nas suas páginas a entrada no país de combatentes da liberdade que se atreveram a discordar da opinião do PCP. O modo como o Avante informou os seus leitores é bem demonstrativo da hostilidade, tanto mais que o PCP sabia que a PIDE apanhava o jornal: sob o título “Cuidado com eles”, o Avante anuncia que “Manuel Claro e João Pulido Valente, dois renegados pertencentes ao grupelho provocatório de Francisco Martins Rodrigues, todos eles expulsos há tempos do Partido Comunista Português por actividades cisionistas e aventureiristas” entraram no país e têm espalhado “calúnias contra a linha do Partido e contra a sua Direcção, tentando arrastá-los para o seu lado na actividade provocatória contra o Partido”, constituindo a sua acção “uma autêntica provocação tendente a identificar-se com a acção do próprio inimigo” (Dezembro de 1964, n.º349).
Agora o PCP não faz denuncias análogas, a liberdade alcançada retira qualquer efeito à bufaria. Agora o Avante calunia e dando mostras de indigestão permite-se publicar nas paginas do Avante textos desta ídolo.
Para não descer ao mesmo nível fico-me por aqui… na certeza de que o PCP não vai baixar os braços e mais que uma espinha atravessada na sua garganta, o Bloco transformou-se, sem o desejar evidentemente, no alvo dos seus ódios de estimação.
Malhar no Bloco funciona como uma catarse para o PCP, uma espécie de purificação… no purgatório da sua caminhada para a extinção.

Uma provocaçãozinha: Ouvi dizer que a célula de Algeruz(*) é já a maior célula do PCP em Setúbal. Será verdade?

(*) Cemitério Municipal de Setúbal
Nota: Aos camaradas, amigos e familiares que militam no PCP, quero desde já declarar que não tenho animosidade nenhuma contra o vosso partido, porem não suporto mais as provocações e a dor de cotovelo que vai pelas bandas do Hotel Victória.
Quem não se sente, não é filho de boa gente, e eu prezo muito as minhas origens!

2 comentários:

  1. O PCP na sua eterna missão absurda de encontrar uma linha pura do comunismo, não se importa de cometer atrocidades tão odiosas como a dos próprios inimigos. É absurdo que não tolerem uma simples discordância de um militante, acusando-o de imediato de revisionista ou algo do género e considerem, com a maior das naturalidades, o comunismo de mercado chinês como um exemplo a seguir. Como alguém me dizia à uns dias “a luta não é o fim a luta é o próprio caminho”.

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  2. Ser perfeito, não é defeito, ainda que prefira a imperfeição dos homens à perfeição dos deuses.
    Mas o PC não procura a pureza do comunismo, porque se o procurasse jamais poderia rever-se na China ou na Coreia.
    A cultura do militante PC é de tal modo sectária que um militante do PC jamais aceitará que possa haver "politica" fora dos muros do Hotel Victória; que jamais possa haver partido politico sem unicidade de pensamento; que jamais alguém honesto possa ostentar outro emblema que não a foice e o martelo; que jamais alguém que tenha pertencido à família” possa seguir um rumo diferente.
    Não sei se o PC faz da luta uma maneira de parecer vivo, [digamos que das manifestações apenas são dispensados os militantes inscritos na célula de Algeruz.] se, por outro lado a sua catarse se realiza na luta, ou nas manifestações onde todos seguem quem não conhece o caminho, ou se porventura tudo isso faz parte do código genético do PC e a sua afirmação social se faz dessa maneira.
    Seja lá o que for, a verdade é que nunca ninguém entregou nada de mão beijada e a luta continua a ser uma forma de alcançar os nossos direitos. Lamentavelmente o PC continua a não entender que não há apenas um caminho, da mesma forma que não aceita que a sua receita de combate possa não ser adoptada pelas novas gerações. E quando assim é di-las acomodadas, mas a verdade é que elas resistem.
    Resistem com ou sem PC.

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