Apesar de gostar de futebol, longe vão os tempos em que me envolvia em acesas e acaloradas discussões sobre os futebóis. Nunca, que me lembro, criei inimizades ou aborrecimentos com os apoiantes ou adeptos do “meu” adversário. Porem, o espectáculo tem-se refinado, ganha em aparência o que se perde no gosto. Mais pragmatismo, mas menos emotivo. Ganha em calculismo o que perde na paixão. Sou um homem de paixões e emoções. Em suma, futebol é jogo. É jogo e é arte, e será tanto mais aliciante quanto habilidosos forem os artistas.
Futebol é uma arte que requer estudo, que exige treino e entrega. É uma arte que se assimila e se executa sob a batuta do mestre, ou do maestro. E, como numa filarmónica, é o mestre que marca o ritmo.
Ontem assisti via televisão ao Espanha – Portugal do mundial da modalidade a decorrer na África do Sul. Estive muito tenso… os espanhóis nos minutos iniciais carregaram e obrigaram o guarda-redes da nossa selecção a empenhar-se a fundo para retardar a violação da sua baliza. Conseguiu-o.
Eduardo não só se revelou um artista muito auto-confiante e em excelente forma como acabou por dar confiança a toda a equipa. Também Fábio Coentrão, brilhou dando excelente conta do recado e inspirando confiança e tranquilidade não apenas no sector defensivo como no ataque onde se envolveu muito bem. Gradualmente a selecção de Portugal acabou por se colocar ao seu nível e dar conta do recado.
Porem ontem, no jogo de ontem, declaradamente duas ou três pedras, se optar pela tónica da estratégia, dois ou três artistas se escolher a arte, não estavam afinadas ou em sintonia com a restante equipa. Desses, inegavelmente Cristiano Ronaldo era o mais dessincronizado. Cristiano sem duvida um artista de nomeada estava ontem em dia não. O homem que prometeu “explodir” neste mundial… implodiu, apagou-se. Atrapalhou-se e atrapalhou. Simão também esteve aquém do que sabe e nos habituou.
Mas, e estas coisas são mesmo assim, há responsáveis pelo desempenho, pela estratégia e pelo ritmo do jogo. Do nosso lado esse responsável é, foi, Carlos Queirós.
Carlos Queirós foi capaz de em quatro jogos, tantos quantos disputou nesta fase do mundial da África do Sul, de apresentar quatro equipas distintas sem um fio condutor sem um rumo definido. Mas pior que isso, foi as mexidas e as alterações que introduziu. Ao retirar Hugo Almeida que estava não apenas a jogar bem e em sintonia, como parecia ser o mais acutilante atacante da nossa equipa, ao retirar o atleta, Queirós baralhou de tal maneira o jogo, que os atletas não mais se encontraram e a selecção espanhola assumiu definitivamente o controlo do jogo, escassos minutos depois da intervenção de Queirós, os espanhóis conseguiram marcar e acabar com as nossas esperanças.
Erros todos cometem e Queirós errou. Falhou pronto!
Mas falhar não lhe dá o direito de arranjar desculpas esfarrapadas… que aliás não são as primeiras, já de outras vezes em que falhou [Mas ele já acertou alguma vez?] se justificou atabalhoadamente sem assumir a responsabilidade. Ontem disse que Hugo estava esgotado. Esgotado? Esgotado está Queirós!
Mas pronto, os atletas e o treinador, mais este que aqueles, prestaram um excelente serviço ao país, sobretudo à economia nacional… já imaginaram os milhões que poupamos em estadias e em prémios… e em tempo perdido?