Lula da Silva, que hoje cessa o seu mandato como Presidente do Brasil, está longe de ser o “meu” presidente.
Não, não é uma questão de nacionalidade. Lido bem com essa situação, para além das fronteiras não me causarem pruridos, entendo que as nacionalidades não separam os homens, quando muito caracterizam-nos.
Lula não é o "meu" presidente porque uma vez no poder, não direi que traiu as suas promessas eleitorais no seu todo, mas que ficou aquém, disso não tenho duvidas. A questão da posse da terra foi uma delas, mas outras não menos importantes foram igualmente afectadas por aquilo a que convencionaram denominar por pragmatismo.
Seria contudo redutor se não tivesse em conta as transformações sociais no Brasil. Redutor e ingrato!
Lula não foi um presidente qualquer, não foi mais um. Lula foi responsável por, entre outras medidas, pelo recuo da pobreza entre a população brasileira. Ainda há muitos pobres no Brasil, cerca de 22% da população é pobre, porém antes dele os pobres eram cerca de 35%. Conseguiu por outro lado que o salário mínimo subisse quase mais 10%. Com ele na presidência o Brasil conheceu o seu maior período de crescimento económico.
Dir-me-ão, é pouco para quem tanta expectativa criou!… Talvez tenhais razão, talvez!... ainda assim não deixo de sentir uma satisfação muito grande pela prestação e pelos (poucos) resultados conseguidos e muito particularmente pelo seu empenho na construção de um Brasil, e por consequência, um mundo menos desigual. Essa conquista, uma nação mais igualitária, [tentando nivelar por cima] digam o que disserem jamais lhe poderão retirar, Lula é o responsável.
Por outro lado jamais esquecerei que Lula foi um presidente que emanou do sindicalismo, um presidente operário e que o seu desempenho demonstrou ao mundo, se tal fosse necessário, que gente da nossa igualha é competente e capaz e que os pobres e os desprotegidos não estão condenados a ser dirigidos pelas elites, tenham elas a natureza que tiverem, a nossa gente é capaz!
Mas tem mais, Lula provou que um Presidente Operário não precisa da muleta da religião para conduzir os destinos do povo que o elegeu, como aconteceu com outros. Acresce por ultimo que o pragmatismo não lhe anulou o coração e muito menos a emoção.
Por isso na hora da partida, é com emoção que digo: Obrigado Lula, obrigado pela restauração da esperança! Estávamos muito precisados!... Depois de tanta regressão, de tanta inversão, de tanto recuo, depois de tanta frustração era preciso reinvestir na esperança e Lula fê-lo com muita determinação.