segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

No rescaldo das Presidenciais 2011

Ontem, depois de conhecidos os resultados, por diversas vezes manifestei o meu estado de alma: claramente decepcionado com os resultados e muito particularmente com a reeleição de Aníbal.
Escrevi e mantenho que Aníbal, de acordo com as regras da democracia, é também a partir de agora (novamente) o “meu” presidente. Essa qualidade, eu não lhe a posso negar. Portanto Aníbal, é também o “meu” presidente, um presidente que me envergonha, mas ainda assim o presidente que o povo, do qual faço parte, escolheu.
Votei Alegre – Se foi sapo ou não a história se encarregará de o demonstrar! – fi-lo com satisfação e prazer, por duas ordens de razões: Nas circunstâncias presentes Alegre era o homem que mais podia unir à esquerda. Unir não é apenas juntar. Unir é criar laços e bases de trabalho para o futuro. O nosso combate não é apenas eleger um presidente, o combate de hoje é juntar forças para resistir e contra-atacar. Juntar forças, juntar pessoas e procurar plataformas mínimas de entendimento, com os partidos ou sem eles, mas nunca contra eles. Alegre era o homem que no espaço, que em minha opinião congrega mais potencial para alterar o estado a que chegamos, mais unia. Esse espaço crítico, situa-se algures, sujeito a melhor análise, na massa eleitoral que anda entre o PS e o Bloco. Dir-me-ão que há mais povo para além dessa massa eleitoral. Claro que há e eu quero chegar até ele. Mas para isso é preciso maior consistência e solidez eleitoral – critica tanto melhor.
As grandes mudanças não se fazem com eleitorado sem memória, criticista, que não critico, capaz de correr com os Anibeis para depois, escassa dezena de anos depois, lhe oferecer a presidência. Como não se fazem com eleitores que elegem anos e anos a fio os “tiranetes” – refiro-me aos eleitores madeirenses – e depois votam da forma como o fizeram na candidatura de José Coelho. Igualmente o eleitorado volátil ou o ortodoxo não se revelam capazes de constituir bases sólidas de sustento a qualquer mudança. O primeiro pela sua própria natureza, o segundo pelo seu cansaço e definhamento.
Neste contexto Alegre era em meu entender o elemento que podia unir no espaço a que me referi, mais gente. Por isso recebeu o meu voto. Mas há outra razão para isso e essa tem que ver com a dimensão cultural dos candidatos. Alegre tem essa vertente cultural a par de uma componente de resistência – quando resistir era difícil – que para mim faz toda a diferença.
No que confere à personalidade o senso comum, ou a lógica popular manda que entre a formiga, aforradora e trabalhadora, e a cigarra supostamente negligente e festeira, a escolha se faça em favor da primeira. Mas a lógica por vezes é uma batata. Eu não me dou bem com as formigas, até porque, apesar de terem a dispensa cheia, não são mais felizes que as cigarras!
Por ultimo e antes de linkar para o artigo de opinião de Baptista Bastos, no rescaldo destas eleições, artigo que subscrevo integralmente, reafirmo a minha gratidão ao poeta candidato que nesta hora difícil, mas é nas dificuldades que os políticos se afirmam, aceitou o desafio e corporizou uma candidatura com o norte na defesa das liberdades e na defesa do estado social.
OBRIGADO MANUEL ALEGRE!

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Peças do 'puzzle'



por BAPTISTA-BASTOS

Mário Soares foi o vencedor das eleições. A astúcia e a imaginação do velho estadista permitiram que Fernando Nobre, metáfora de uma humanidade sem ressentimento, lhe servisse às maravilhas para ajustar contas. É a maior jogada política dos últimos tempos. Um pouco maquiavélica. Mas nasce da radical satisfação que Mário Soares tem de si mesmo, e de não gostar de levar desaforo para casa. Removeu [continua]

2 comentários:

  1. Em Democracia não é vergonha perder.

    Perante os resultados e a derrota da candidatura que apoiei, não tenho dúvidas de que aparecerá gente “carregada de razão” afirmando o que “já sabiam”: Já sabiam que a candidatura de Alegre era uma má aposta; que Alegre era isto ou aquilo; que Alegre não é coerente; que é do PS; que é caçador e pescador; que é vaidoso; que foi deputado trinta e muitos anos; que blá, blá, pardais ao ninho…
    Pois… mas a verdade é que, com vaidade ou sem ela, coerentemente ou assim, assim, Alegre não fugiu à luta e tal como a sua emblemática “TROVA DO VENTO QUE PASSA” é bom ter presente que ele foi lá, foi ao combate porque: Mesmo na noite mais triste / em tempo de servidão / há sempre alguém que resiste / HÁ SEMPRE ALGUEM QUE DIZ NÃO!

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  2. O "meu" presidente... enfim. Não votei nele, jamais o farei. A menos que um qualquer dia não seja dono da minha vontade e nesse então, qualquer coisa, para não escrever o que me apetece, serve...

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