sábado, 30 de maio de 2009

Ao estilo de um certo populismo demagógico

«A deputada Ilda Figueiredo, que segundo a edição de hoje do jornal Expresso, é a única que abdica do salário mais elevado, lançou hoje um apelo aos seus colegas no Parlamento Europeu, durante uma visita ao mercado de Loures.»

O apelo de Ilda Figueiredo vai no sentido de os deputados portugueses renunciarem ao aumento de vencimento para os parlamentares europeus. Confesso que ao ouvir Ilda Figueiredo a lançar este desafio, num mercado, tipo feira… me fez lembrar o “Paulinho das feiras”, assim muito ao estilo de um certo populismo demagógico, que de tempos a tempos parece tomar conta de uma certa classe política, sobretudo em época eleitoral.
Mas... “diacho”... o PCP tem, na minha opinião, muitos defeitos, mas este não é propriamente uma característica sua... Pois!
Estou solidário com a indignação da deputada Ilda Figueiredo quando considera que os vencimentos dos deputados europeus, [Depois deste nivelamento aprovado em que todos os deputados europeus independentemente do pais de origem, ao contrário do que até aqui, ganham a mesmíssima coisa.] ganham ordenados muito elevados. Vão passar a ganhar qualquer coisa como 7 700 €, fora outras despesas igualmente pagas. Estou solidário porque creio que um vencimento de sete mil e tal euros é uma afronta aos nossos vencimentos enquanto trabalhadores por conta de outrem. Sobretudo para os trabalhadores portugueses, porventura os mais mal pagos desta Europa. A cabeça de lista da CDU merece pois toda a minha solidariedade por se indignar.
Porem, quando Ilda lança o desafio aos seus congéneres portugueses, no sentido de estes abdicarem do excedente ao de deputado nacional, não está a ser seria.
Não está a ser seria por duas ou três ordens de razões, a saber:


1 – Não disse se pela sua parte abdica do excedente, ou se pelo contrário o recebe e entrega como doação ao seu partido. Seria importante esclarecer esta questão. Porque se assim for, o seu altruísmo não é tanto quanto o que poderia parecer e, no fundo é apenas uma fonte de receita para o PCP. Na minha opinião isso é legítimo. Se esse for o seu entendimentotem tem todo o direito de o fazer. Não pode é exigir que os outros deputados que façam o mesmo. Embora, se estes o fizerem, não venha dai nenhum mal ao mundo, antes pelo contrario… Que não fazem! Nem Vital, nem Rangel nem o Portas, abdicam de parte do seu vencimento em favor do partido… É o abdicas… Vai lá vai…

Mas a questão consiste em esclarecer se é assim, se há doação ao partido ou se pura e simplesmente acha que é legitimo um deputado português receber metade do que recebem outros deputados europeus que não lusos?

Acha confortante e legitimo os deputados europeus arrecadarem sete mil e tal e os nossos eleitos não serem credores de igual vencimento? Este desafio, assim da forma como é feito e dirigido apenas aos portuguese, serve apenas para menorizar os deputados portugueses naquele parlamento. No fundo é absurdo e é demagógico!


2 – Contudo este desafio pode ter outro alcance. É de apoiar se porventura for no sentido de os deputados portugueses, em conjunto, exigirem a redução não apenas do seu ordenado mas o de todos os parlamentares europeus. Esta seria uma proposta seria, ainda que de difícil concretização. Mas a seriedade não pode ficar refém de possibilidades, ou é seria ou não é seria!

3 – Abdicar por abdicar … então a deputada Ilda Figueiredo que tome como bitola o vencimento médio dos trabalhadores portugueses e não o dos deputados portugueses na Assembleia da Republica.

Convenhamos... não vejo porque há-de um parlamentar receber mais que a média dos trabalhadores por conta de outrem. Francamente não vejo razão para isso.

O meu desafio vai então no sentido de Ilda defender como princípio, que nenhum parlamentar receba, nacional ou europeu, mais que a media dos trabalhadores por conta de outrem e, já agora, que os vencimentos dos trabalhadores em toda a Europa, não tenham a disparidade que têm hoje. Se o fizer, e se decidir não receber o que considera excedente do mseu vencimento, então temos DEPUTADO EUROPEU (maiúsculas).
Abdicar não é entregar ao partido, isso é outra coisa. Abdicar é não receber do Estado ou da Europa aquilo que considerar excesso.
De resto e até prova em contrário esta proposta, ou melhor, este desafio é populista e demagógico.

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