terça-feira, 8 de setembro de 2009

Um voto retirado ao PS, é um voto ganho ao PSD.

No debate previsto para hoje entre Louçã e Sócrates, este ultimo não enjeitará a oportunidade de explorar a bipolarização nas próximas eleições legislativas.
Sócrates enquanto líder de um dos supostos pólos, que curiosamente tem visto fugir a sua base de apoio para o partido liderado por Louçã, tem todo o interesse em dramatizar o cenário apostando no receio, justo diga-se a propósito, que o povo com memória tem de ver regressar à esfera do poder Manuela Ferreira Leite e a sua equipa. Porem o problema que está colocado é de outra natureza.
Bem podem, Sócrates e os seus assessores, amedrontar com o papão do voto útil no pressuposto de que um voto a mais no BE é um voto a menos no PS, e por consequência um reforço do PSD, que o pessoal já não cai nessa.
Evidentemente que, entre Sócrates e Ferreira Leite existem diferenças, mais que não sejam de modernidade. Ela é ultra-conservadora no que aos costumes diz respeito, ele não; Ela é defensora de um liberalismo absoluto, ele nem por isso. Enfim, negar as diferenças é tapar o sol com a peneira. Porem em matéria de justiça social, de direitos e garantias entre um e outro as diferenças, ou não existem ou são apenas de pormenor e outras vezes, Sócrates defende e aplica medidas bem mais gravosas que as da própria direita. Atente-se a propósito no Código do Trabalho; a direita não foi tão longe na subtracção de direitos aos trabalhadores quanto o foi José Sócrates.
Mas Sócrates tem ainda um outro pecado capital para o qual não há perdão. Sócrates conseguiu minar a nossa sociedade colocando trabalhadores contra trabalhadores. Sócrates chegou ao ponto de “diabolizar” aos olhos dos cidadãos os funcionários públicos e os professores entre outros sectores. A direita por estratégia é certo, nunca tinha chegado a tamanha maldade, excepto no rescaldo do PREC quando fez dos operários da Lisnave, dos metalúrgicos e dos sindicalistas, uma classe privilegiada que vivia à custa do erário público.
Bem pode pois Sócrates travestir-se de socialista, de politico moderado e até meigo que a nossa memória jamais lhe perdoará, jamais contemporizará com a sua politica. Jamais!
Por isso o problema que hoje se coloca ao BE, não é tanto o de disputar o eleitorado do PS, mas o de acolher os descontentes com essa politica e ao faze-lo disputa o eleitorado ao PSD.
O dilema que hoje se coloca aos professores, aos funcionários públicos, aos enfermeiros, aos cidadãos de um modo geral é o de excluído o PS – no qual nem mortos votam – votar em quem?
Creio que hoje há um conjunto significativo de professores, de funcionários públicos, de enfermeiros, de médicos, de trabalhadores em geral que não perdoam ao PS, sobretudo a José Sócrates, a forma como foram tratados e surripiados. São pessoas, eleitores se quiserem, que jamais confiarão em Sócrates. Por outro lado são votantes que não se revêem no projecto do PCP ou não se sentem disponíveis para a “proletarização” da luta nos contornos em que este partido a concebe. O CDS por outro lado, moldado ao jeito da personalidade do seu líder, e com as mãos conspurcadas pelo poder que exerceu em parceria com o PSD, não parece ser solução.
Restam, neste cenário, o Bloco e o PSD. Embora o PSD tenha responsabilidades no “estado a que isto chegou” – E não são poucas! – é um partido da chamada esfera do poder, e aos olhos de muitos portugueses capaz de ser alternativa ao PS. Para mim PSD é mais do mesmo ainda que de tonalidade diferente.
Sou pois de opinião que o Bloco deve continuar a disputar o espectro potencial de eleitores socialistas, sabendo que tem como adversário nessa disputa não apenas os “socranetes” mas sobretudo o PSD.
A disputa desse eleitorado em ruptura com o PS é entre o Bloco e o PSD!
Um voto retirado ao PS, é um voto ganho ao PSD.

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