Não me surpreende, já conheço a retórica, ainda assim incomoda-me a rigidez de pensamento, para não escrever “formatação” do candidato presidencial apoiado pelo PCP, Francisco Lopes.
É certo que as perguntas de Maria Flor Pedroso não são inocentes, já o disse várias vezes e mantenho, porem um candidato da esquerda que se preze, tem que ser capaz de dizer, tem que ter a GRANDEZA DO POVO DE ESQUERDA e saber discernir, que mais que o interesse partidário, mais que o projecto individual, mais que o sonho pessoal se quiserem, mais que tudo isso está a sorte de um povo, a defesa e manutenção do estado social, a garantia das liberdades publicas e individuais, a luta contra a especulação e a ganância do capital e dos empresários sem escrúpulos que não dos sérios, a defesa e manutenção dos direitos duramente conquistados, etc, etc…
Quando Maria Flor hoje lhe colocou a questão: «Se numa hipotética segunda volta com Cavaco Silva, não for Francisco Lopes o adversário do candidato da direita, em quem votaria.» Lopes, no melhor estilo ortodoxo da liderança do PC recusou responder.
É certo que ele tem o direito de recusar esse cenário, tem o direito de tudo fazer para ser ele a estar presente, tem o direito e o dever de lutar pelas suas convicções, não tem é o direito de brincar com a nossa inteligência e muito menos com os valores da esquerda.
Francisco Lopes, assim não vamos a lado nenhum. Essa é a tese que o seu partido tem feito vingar no sindicalismo e de um modo geral nas colectividades e associações onde intervenção, e os resultados meu caro Francisco, têm sido invariavelmente vitórias pessoais e derrotas colectivas. Para quem defende o colectivismo convenhamos que o resultado não abona em favor da ideia.
Mas cada um é que sabe os caminhos que tem para trilhar.
No próximo dia 23 espero não assistir à expiação das culpas pessoais na prestação dos outros candidato. Espero não ver Cavaco pavonear-se pela passadeira que a cegueira politica e ambição desmedida de uns quantos lhe estendem, alicerçando de forma estruturada o velho sonho de Sá Carneiro: «Um presidente, uma maioria e um governo» e ao invés quero ver a cara de pau de Cavaco a reunir as hostes da direita para enfrentar na segunda volta o opositor a esse seu projecto, seja ele qual for.
Todos sabemos que o PCP, entre Cavaco e outro dos actuais candidatos, nomeadamente se esse outro for Manuel alegre, não hesitará em Votar Contra Cavaco colocando a cruzinha no quadrado certo. Caramba o batráquio Soares era bem mais indigesto e Cunhal deglutiu-o e exortou igualmente os comensais comunistas à degustação.
O afunilamento de Francisco Lopes em torno de si próprio, rotulando tudo e todos de responsáveis pelo estado a que chegamos, não valorizando uma ideia, uma proposta, uma só que seja dos candidatos que do ponto de vista ideológico podem estar mais próximos de si, nomeadamente de Manuel Alegre, reclamando como seu, e apenas só seu, o manto inócuo da unica verdade e da pureza mais pura, está a correr o risco, arrastando consigo o PCP, de não ser levado a sério. Isso não é bom para a esquerda e será sem duvida um grande trunfo para Cavaco.
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