Quando eu era menino, as brincadeiras estavam sujeitas a épocas: havia então a época do pião, e todos trazíamos o nosso pião no bolso; a época do botão, e os bolsos andavam carregados de botões; a época do jogo da pata, e lá andávamos nós com a pata e bastão nas mãos; a época do jogo do prego, etc…
Os miúdos e miúdas de hoje, terão porventura as suas épocas, com estas ou outras diversões, agora porventura com substancial peso para as brincadeiras tecnológicas, a vida é mesmo isso, e sem se repetir propriamente os ciclos esses continuam….
Hoje, a LUSA deu nota de que o Capote alentejano é moda na Europa. Ao que parece na freguesia de Santa Eulália, no concelho de Elvas, existe uma fábrica que produz a celebre indumentária tão característica da nossa gente, o Capote, e a exporta para a Europa. José Alpedrinha que começou a fazer capotes com apenas dezoito anos – aprendeu com o pai que era alfaiate – é o proprietário e dirigente da fábrica vai para cinquenta anos. Hoje exporta a indumentária para Inglaterra, França e Canadá entre outros países e parece que a crise não lhe bate à porta. Por cá, o capote ainda se vai vendo nos ombros de alguns conterrâneos ou de figuras célebres da canção, da literatura e da política como foram ou são exemplos José Afonso, José Saramago, Mário Soares ou Jorge Sampaio.
Pois, mas aí pelos anos sessenta, primeiros anos da década de setenta, em Castelo de Vide, recuperámos o capote, que entretanto caíra em desuso. Creio que a responsável pela iniciativa foi a Escola Preparatória Garcia de Orta. Se a memória não me falha, tudo se deveu a uma aula de história, onde a professora fez alusão aquela característica peça do trajar alentejano…
Depois fomos as arcas e baús, aos roupeiros dos nossos avós e pais e agarramos os que por lá havia. Furados pela traça uns, coçados pelo uso outros, a verdade é que o Capote ganhou nova vida. O meu, comprou-o minha mãe na Loja do Sr Macena (Massena?) na Carreira de Cima.
Usei-o dois invernos, tantos quantos os que depois do seu ressurgimento, vivi em Castelo de Vide, antes da diáspora que então iniciei…
Mas durante essa década, o capote passou a indumentária sazonal para a miudagem do ciclo, tal como os jogos e brincadeiras…
[Post também publicado em "O meu capote"]
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