terça-feira, 14 de julho de 2009

Saramago e Carlos do Carmo com António Costa

Saramago e Carlos do Carmo com António Costa. Se estes dois ilustres nomes da nossa cultura não fossem também bandeiras do PCP, a noticia nada tinha de relevante. Contudo os vultos, não são quaisquer uns, ambos têm “dado a cara” por diversas vezes pelo partido da foice e do martelo. Têm-no feito porque enquanto cidadãos fazem uso dos seus direitos políticos como muito bem entendem. Se apoiaram desde sempre o PCP ou a sua frente eleitoral a CDU e agora entendem dar apoio ao PS continuam a exercer o mesmo direito de cidadãos. Ponto!
Porque vou então “agarrar” uma notícia que nada tem de extraordinário?
Pois… a questão é essa. A noticia nada teria de extraordinário, se os visados não fossem militantes e ou apoiantes do PCP, Partido que não se tem poupado, por interpostas pessoas evidentemente, a malhar no Bloco e no Chora, isto porque o Chora aceitou um convite pessoal para jantar com o ministro, ou ex-ministro, dos corninhos.
O PCP, pelos vistos não vai, e ainda bem, mover nenhum processo com vista à expulsão dos indisciplinados militantes, nem, ao que parece aplicar-lhes qualquer sanção. Não sei se isso significa uma evolução ou se pelo contrário representa algum “desvio” de classe ou um desvio pequeno burguês. Mas seja lá aquilo que for não é inédito. Ainda recentemente Pedro Namora, funcionário da CM de Setúbal (mais um) e conhecido militante do PCP, rompeu com Dores Meira e vai apresentar-se à CM de Setúbal encabeçando a lista monárquica e o PCP pura e simplesmente fechou-se em copas. Ainda bem, digo-o sem qualquer ironia.
Os partidos não são donos das pessoas, as pessoas têm o direito de pensar pela própria cabeça e fazer as suas análises politicas e agir em conformidade com elas, mesmo quando contrariam a linha oficial. Esta é uma prática estruturante da democracia e temos que saber lidar com ela em qualquer circunstância. Quantas vezes o PC não beneficiou do apoio de figuras que antes manifestaram esse mesmo apoio a outros quadrantes ideológicos. Jorge Palma por exemplo, Vitorino também, etc… O PCP gostou, recebeu e recebe esses apoios de braços abertos… é a dialéctica da politica.
Em suma, o pretenso apoio que António Chora deu ao comparecer naquele jantar, inclusive o discurso de agradecimento afinal de contas não contrasta com o apoio que Saramago dá a António Costa, o qual não se limita a um apoio circunstancial, deseja-o por muito tempo à frente da autarquia da capital. O PCP deveria ter cuidado com as pedras que atira ao ar… podem cair-lhe em cima. Aliás, suspeito que ao contrário do titulo da obra de Álvaro Cunhal, “Partido com paredes de vidro” , de vidro é o telhado…
E para concluir, devo acrescentar que António Costa está a sair-se bem na pesca de apoios à esquerda, que é onde o “peixe” faz a diferença, Camané que tem apoiado o Bloco, também apoia a candidatura de António Chora.
Eu sei que o Chora não é o Saramago. Evidentemente, mas que há aqui algum paralelismo ai isso há!

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