terça-feira, 7 de julho de 2009

Subtilezas ou como uma pequena omissão faz toda a diferença


Na sequencia deste post escrito pelo autor do “Cantigueiro” Samuel, que comentei considerando-o provocatório, Samuel respondeu-me com o seguinte comentário:

«JotaCê:

Já percebi que para ti não passo de um provocador... mas respondendo aos teus comentários na modalidade económica de três em um, quando é que alguma vez mostrei alguma pena ou ressabiamento por o Chora ter saído do PC, coisa que até há pouco nem sabia (a malta do PC não tem por costume telefonar-me a dizer quem sai de lá...), ou quando é que achei que as votações da CT da Autoeuropa são más (ainda há dias gostei de uma...)? E já agora, se realmente não subscreves a opinião do Chora sobre o papel de Manuel Pinho, por que raio é que este post, onde apenas acho muito estranho que ele tenha exactamente dito sobre o ministro (entre brindes e elogios) o que não subscreves, constitui uma provocação?»


Esta resposta, mereceu-me o seguinte comentário, sendo que ela se segue a outros comentários que tive oportunidade de deixar no “In Coerências

Samuel
Já em diversos comentários tive oportunidade de apontar a subtileza com que insinuas, lanças achas, pequenas ou grandes provocações, sobre o António Chora e sobre o partido em que ele milita. Depois, os comentadores, encarregam-se de alimentar o rastilho e em pouco menos de nada temos uma fogueira de insultos ressabiados sobre Chora e o Bloco.
Tu, no contexto do combate ao Chora e ao Bloco, usaste uma expressão dura e inadmissível que foi chamar-lhe “canalha”, e isso é indesculpável mesmo tendo em conta que o calor da luta é propenso a excessos.
Não tenho nenhuma simpatia pelo Chora, para alem da que advém de militarmos no mesmo partido – talvez essa seja a grande riqueza do Bloco, a pluralidade… adiante – porem, não aceito que a coberto de algumas opiniões nem sempre bem apresentadas, se tente denegrir um homem, um líder operário e por arraste o partido de que foi deputado, no caso o Bloco.
Por outro lado ainda não percebi se é o Chora o alvo ou se pelo contrário se pretende atingir o Bloco.
Eu sou, no interior do Bloco adversário do Chora, como sou no sindicalismo adversário do PCP. Jamais porem me atreveria a chamar a um e a outro “canalha”. Canalhas são pessoas infames, indignas, cretinas, sacanas… em bom alentejano, canalhas são os filhos da puta, nomeadamente aqueles que nos destruíram aquele inolvidável sonho de termos a posse da terra.

Por ultimo questionas-me: «(…) se realmente não subscreves a opinião do Chora sobre o papel de Manuel Pinho, por que raio é que este post, onde apenas acho muito estranho que ele tenha exactamente dito sobre o ministro (entre brindes e elogios) o que não subscreves, constitui uma provocação?»

Constitui uma provocação na medida em que, naquele jantar em “representação de trabalhadores” ou em nome próprio não estava apenas o António Chora, estavam entre outros os responsáveis da Comissão de Trabalhadores da Bordalo Pinheiro.
Eis como uma pequena omissão faz toda a diferença.
Sabes Samuel, eu ainda me lembro de um certo refazer da história, por omissão ou pelo silêncio. Como também me lembro de uma certa recuperação de heróis e mitos… Lembro-me por exemplo de a China, o PC Chinês serem condenados pelo PCP, no âmbito do seu alinhamento com Moscovo contra o maoismo e de hoje, a China e o PC Chinês serem amigos. Lembras-te Samuel, de ver o PC ML do Eduino Vilar, nas manifestações do PPD e do PS durante o PREC, a agitarem a bandeira foice e do martelo? Pois, o Partido do Vilar era reconhecido pelos chineses como comunista, enquanto o PCP era para os chineses revisionista e lacaio de Moscovo. Mas também me lembro de um tal Ernesto não ser muito apreciado no leste e entre os Partidos Comunistas alinhados com Moscovo e hoje ser o ícone mais presente na Festa do Avante. Como me lembro das críticas que esse tal Ernesto fez ao “internacionalismo socialista” de Moscovo.
Voltando ao Chora, que de facto é o cerne desta questão, sou declaradamente crítico do seu pensamento político. Porem no concreto, isto é na Auto-Europa tenho duvidas se seria possível fazer diferente, até porque de um modo geral a classe está com ele. As sucessivas votações, mesmo quando as posições da CT são derrotadas, assim o demonstram.
Por ultimo quero ressalvar que não tenho relutância nenhuma em aplaudir a posição de um militante do PCP, ainda que de base como gosta de dizer, refiro-me a Manuel Carvalho da Silva, em detrimento do aplauso a Chora como deixei expresso neste post.

Saudações

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