Esta era uma palavra de ordem da velhinha UDP – Partido com o qual despertei para a luta política organizada, hoje transformado numa mera associação. – pintada em diversos muros do país nas crises dos anos 70 e 80.
Curiosamente a “palavra de ordem” que mobilizou muitos portugueses, que justamente, tal como a UDP, entendiam e provavelmente entendem ainda hoje que a crise deve ser paga por quem a provoca, foi hoje recordada por Freitas do Amaral na entrevista que concedeu a Maria Flor Pedroso. Freitas, longe da crispação e até do protagonismo da direita e estrema direita que em 1986 se mobilizou em torno da sua candidatura presidencial, disse que na actual crise, a factura da crise não está a ser paga por todos, afirmou mesmo que são os mais pobres a pagá-la. Lembrou que hoje “não ouvimos dizer, nem a direita nem a esquerda democrática OS RICOS QUE PAGUEM A CRISE”.
[Freitas e Maria Flor, tiveram o cuidado de excluir deste bloco - Esquerda Democrática - o BE e o PCP, o que convenhamos, embora não fosse essa a intenção, acabaram por aplicar um equilibrado critério de justiça, pois não faz qualquer sentido misturar o que não é sequer comparável. Dai a necessidade de adjectivar aquela “esquerda” como democrática. Pois que seja "democrática" já que esquerda não é!]
Por um lado entendo o raciocínio do professor do sobretudo verde, na verdade aquela palavra de ordem é quase um arcaísmo da nossa politica, com um odor a PREC demasiado acentuado, susceptível de ferir algumas susceptibilidades, por outro acho que o professor anda demasiadamente distraído ou confuso. Bastaria prestar atenção às intervenções dos deputados do BE, do PC e dos Verdes para perceber que todos eles, sem excepção, todos eles reclamam e exigem que sejam os poderosos, os banqueiros, os agiotas e especuladores a pagar a crise. Só não ouve nem vê quem não quer, ou quem ganha e lucra com as omissões. Mas ainda assim saúdo a indignação de Freitas do Amaral.
Porem, para que “a gente não se engane” como diz um camarada meu, acrescento: Crise que eles; poderosos, banqueiros, agiotas e especuladores provocaram com a cumplicidade das direitas e das “esquerdas democráticas”. Umas por conluio e benefícios outras por silêncios, cumplicidades, cobardias, falta de carácter e, evidentemente, com muitos proveitos pessoais à mistura.
Pois bem professor, se assim é explique lá “para a gente entender” a razão que o leva a apoiar incondicionalmente um dos pais da crise, precisamente o candidato Aníbal Cavaco Silva? Professor, na política, nestas coisas que mexem com a nossa vida, não chega largar umas larachas bonitas ou que caiem bem no sentir da plebe, é preciso também ser coerente. Mas isso é pedir demais a quem sempre flutuou lá por cima…
Valha-nos a frase, da minha parte a exigência: OS RICOS QUE PAGUEM A CRISE!
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