sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Castelo de Vide - Preservar o património sim!


À atenção do gabinete de arquitectura e ou obras – não conheço a denominação adequada – da CM de Castelo de Vide, do poder politico concelhio e das instituições que emitem pareceres sobre as obras particulares no concelho e na vila em particular.


A preservação das fachadas e de todo o exterior dos edifícios e moradias do concelho de Castelo de Vide, bem como das portadas e respectivas portas é algo que de um modo geral tem sido alcançado no concelho. Tal facto é, sem dúvida, algo de que, enquanto castelovidenses nos devemos orgulhar, porem tudo deve obedecer a regras sensatas e equilibradas. Jamais no meu entender a preservação do património deve condicionar para lá do razoável, a vida dos cidadãos.

Temos assistido, no que confere às obras particulares na vila de Castelo de Vide a uma ingerência inadmissível e insustentável, por parte do poder municipal, via gabinetes técnicos, que condiciona seriamente a vida dos munícipes. 

Não entendo nem aceito, em nome do que quer que seja, no que confere aos interiores qualquer ingerência nas obras particulares,  para além do que é domínio da segurança dos próprios e dos edifícios contíguos. Fora deste contexto a ingerência deixa de ser razoável para entrar nos domínios da prepotência.

Com que legitimidade, por exemplo, se impõe a preservação de um sobrado de interior e não se deixa o proprietário aplicar uma placa?  Onde e quando a placa interfere com a preservação do património?

Convenhamos, a nossa espécie no domínio da habitação já viveu em buracos no solo, em grutas, em palhotas, barracas e demais equipamentos. Já vivemos em casas de madeira e mais tarde em alvenaria… Preservar esses equipamentos, os que chegam aos nossos dias, é sem duvida uma politica sensata, querer que as pessoas as habitem é estúpido e absurdo.

Se há, e creio que sim, que há interesse em preservar algumas habitações tal como eram, tal como foram concebidas originalmente, incluindo interiores, então a autarquia deve adquiri-las e inclui-las no domínio público  protegido. O que não se pode é exigir que sejam os cidadãos a condicionar a sua vida em nome dessa memória. 
Se as fachadas entram no domínio da estética e dos conceitos de imagem pública, os interiores são do domínio privado e norteiam-se pelo que a técnica e a engenharia vai desenvolvendo para nos facilitar a existência.

Na questão presente, a pertinência coloca-se nos interiores, os quais só dizem respeito aos usufrutuários e proprietários, jamais o poder politico, municipal ou nacional deve imiscuir-se nessa matéria.

Anexo um conjunto de fotos de uma aldeia minhota – Campos, concelho de Viera do Minho – onde a coexistência do mundo rural e a preservação do património arquitectónico local não colidem com o gosto e as condições requeridas pelas novas gerações ou colocadas ao seu serviço. No exemplo as fachadas e portadas são preservadas, enquanto nos interiores são usadas as técnicas e aplicados materiais modernos que tornam a vida das pessoas mais atractiva e mais interessante.

Património é uma coisa puritanismo é outra!





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