Nas presidenciais, o meu voto já está decidido, vou votar na candidatura com mais potencialidades para derrotar Aníbal. Essa candidatura é, no meu ponto de vista, a protagonizada por MANUEL ALEGRE.
Tal facto, não me tolda o discernimento para analisar e reflectir sobre as propostas e a prestação dos restantes candidatos, assim cumpre-me registar que a candidatura do Dr. Fernando Nobre, contrariamente às minhas expectativas, surpreende pela negativa; Fernando Nobre desgosta-me sobretudo pela insistência em evidenciar a sua obra, meritória certamente mas dispensável como etiqueta neste combate. Foi deprimente sobretudo no debate com o candidato Francisco Lopes. Nobre não deixa de ser uma pessoa respeitável, altruísta e generosa, posicionado sem duvida ao lado dos desfavorecidos e desprotegidos, mas sem um programa politico claro e sem solidez nas poucas propostas que faz.
Manuel Alegre, desgosta-me nalguns aspectos da sua estratégia. Embora sejam compreensíveis as razões, nomeadamente o namoro ao Partido Socialista. – A verdade é que ele nunca deixou de reivindicar a qualidade de militante do PS e, quando lhe dei o meu apoio sabia disso. – Muitas vezes, para atacar a estratégia de Aníbal e de Passos Coelho [Quem Tramou Roger Rabbit? Quem é que disse ao moço que ele tinha jeito para a politica?] acaba colado ao PS. Desgosta-me! Ainda assim creio que Manuel Alegre, com todos os seus defeitos e predicados, tem um projecto politico claro, que no actual contexto é bom, e é sem equívocos, um factor de congregação do povo de esquerda, no sentido de travar a concretização do velho sonho de Sá Carneiro, «Uma maioria, um governo e um presidente!» impedindo a reeleição de Aníbal. Para bem da nossa saúde politica e do país, impõe-se derrotar Aníbal. Quem melhor que Alegre para concretizar esse objectivo?
Mas não é de Alegre, ou de Nobre que quero falar. Dedicando-lhe poucas linhas quero inclinar-me perante a prestação do candidato Francisco Lopes.
O candidato lançado pelo PCP, é nesta corrida presidencial uma agradável surpresa. Francisco Lopes tem neste combate acrescentado esquerda à esquerda, tem, por outro lado galvanizado algum eleitorado que não se revendo nos restantes candidatos, dificilmente sem a contribuição deste candidato se envolveria nesta luta para derrotar Aníbal. Francisco Lopes tem sido mais que isso. Ontem no debate com Aníbal voltou a prestar um óptimo serviço ao país e à democracia, não se coibindo de responsabilizar Aníbal pelo estado a que chegamos, de o ligar aos PEC e a este malfadado orçamento, ao roubo nas pensões, nos ordenados, à desmedida carga fiscal, bem como à roubalheira do BPN. Neste ultimo ponto Aníbal fechou-se em copas, talvez porque saiba que tendo telhados de vidro, nomeadamente amizades não recomendáveis, o melhor para ele, que não para o país, é ficar calado.
Acresce por ultimo que nunca um candidato presidencial oriundo do PCP pode ser responsabilizado pela derrota do povo de esquerda numa eleição presidencial. Da ultima vez que isso aconteceu, eleição de Aníbal, tal facto ficou a dever-se única e exclusivamente à arrogância de José Sócrates e à petulante vaidade e ambição desmedida de Mário Soares.
Porque não vou votar então em Francisco Lopes?
Reconhecendo-lhe os méritos registados e a capacidade política, bem como a justeza das suas propostas neste combate, não me revejo no seu projecto de sociedade, que sendo muito semelhante ao meu modelo difere no conteúdo. Por outro lado a convivência, sobretudo no mundo sindical sugere-me alguma contenção numa putativa relação.
Perguntar-me-ão: E o PS, não é pior?
Talvez, mas eu prezo muito a liberdade individual e a minha independência. Por outro lado, apoiar a candidatura de Manuel Alegre, nada tem a ver com qualquer entendimento com o PS.
A candidatura de Alegre, é ao fim e ao cabo, uma candidatura da sociedade civil, do povo de esquerda se quiserem, que se impõe aos partidos que o apoiam, ao PS em particular, enquanto a de Lopes emana de uma directiva do CC do PCP.
Mas aparte isso, inclino-me perante a prestação, a combatividade e a clarividência de Francisco Lopes, oxalá não borre (borrem) a pintura no debate Alegre vs Lopes.
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