sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

RESTAURAÇÃO DA ESPERANÇA

Lula da Silva, que hoje cessa o seu mandato como Presidente do Brasil, está longe de ser o “meu” presidente.
Não, não é uma questão de nacionalidade. Lido bem com essa situação, para além das fronteiras não me causarem pruridos, entendo que as nacionalidades não separam os homens, quando muito caracterizam-nos.
Lula não é o "meu" presidente porque uma vez no poder, não direi que traiu as suas promessas eleitorais no seu todo, mas que ficou aquém, disso não tenho duvidas. A questão da posse da terra foi uma delas, mas outras não menos importantes foram igualmente afectadas por aquilo a que convencionaram denominar por pragmatismo.
Seria contudo redutor se não tivesse em conta as transformações sociais no Brasil. Redutor e ingrato!
Lula não foi um presidente qualquer, não foi mais um. Lula foi responsável por, entre outras medidas, pelo recuo da pobreza entre a população brasileira. Ainda há muitos pobres no Brasil, cerca de 22% da população é pobre, porém antes dele os pobres eram cerca de 35%. Conseguiu por outro lado que o salário mínimo subisse quase mais 10%. Com ele na presidência o Brasil conheceu o seu maior período de crescimento económico.
Dir-me-ão, é pouco para quem tanta expectativa criou!… Talvez tenhais razão, talvez!... ainda assim não deixo de sentir uma satisfação muito grande pela prestação e pelos (poucos) resultados conseguidos e muito particularmente pelo seu empenho na construção de um Brasil, e por consequência, um mundo menos desigual. Essa conquista, uma nação mais igualitária, [tentando nivelar por cima] digam o que disserem jamais lhe poderão retirar, Lula é o responsável.
Por outro lado jamais esquecerei que Lula foi um presidente que emanou do sindicalismo, um presidente operário e que o seu desempenho demonstrou ao mundo, se tal fosse necessário, que gente da nossa igualha é competente e capaz e que os pobres e os desprotegidos não estão condenados a ser dirigidos pelas elites, tenham elas a natureza que tiverem, a nossa gente é capaz!
Mas tem mais, Lula provou que um Presidente Operário não precisa da muleta da religião para conduzir os destinos do povo que o elegeu, como aconteceu com outros. Acresce por ultimo que o pragmatismo não lhe anulou o coração e muito menos a emoção.
Por isso na hora da partida, é com emoção que digo: Obrigado Lula, obrigado pela restauração da esperança! Estávamos muito precisados!... Depois de tanta regressão, de tanta inversão, de tanto recuo, depois de tanta frustração era preciso reinvestir na esperança e Lula fê-lo com muita determinação.

2 comentários:

  1. Partilho inteiramente essa emoção.
    Estive hoje com o Lula no seu último dia no Palácio do Planalto.
    Junto algumas fotos.
    http://renatosoeiro.blogspot.com/2010/12/no-palacio-do-planalto-com-lula-no.html

    Um abraço.

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  2. Caro Amigo,gostei que tivesses dado o destaque merecido a Lula da Silva a que deste o título "Restauração da Esperança" e registei em especial os dois últimos parágrafos. A ideia que tenho de Lula da Silva é de que se não fez mais e melhor foi porque não foi possível. Sabendo nós, como foi a história do Brasil e dos seus maus governantes, podemos avaliar os entraves que se devem ter atravessado no seu camimnho.
    Estou convicto de que Lula da Silva queria sinceramente ir mais longe, mas só pelo que fez, merece a nossa admiração e o nosso respeito. Que o seu exemplo frutifique e os povos desta velha Europa, possam um dia ter a coragem de arriscar. O Sindicalismo é uma grande Escola.

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