sábado, 31 de outubro de 2009

Éticas...


A máfia tem os seus códigos de honra, a sua própria ética. Quem, mormente nos filmes italianos, nunca viu os operacionais da camorra, da napolitana e de outras máfias, beijarem a mão ao chefe supremo, ao padrinho como lhe chamam?
Pois bem, essa vassalagem, essa hierarquia de obediências e submissões não deixa de constituir no fundamental um código de conduta, um código de honra, enfim uma certa ética.
Ética é, no fundo algo que permite distinguir entre o bem e o mal, sendo que o que em determinado código é “mau”, no outro pode ser “bom”. Por isso é preciso, quando se invoca a ética dizer qual, de que ética falam.
Recentemente arguidos no processo das sucatas, vieram à liça invocar que a consciência não os acusa porque, dizem, as actuações que desenvolveram, enquanto titulares de cargos públicos e gestores de empresas, pautaram-se por rigorosos critérios de ética, quer na conduta pessoal quer na conduta profissional.
Mas que ética, de que ética estamos a falar?
Estamos a falar, aliás falam, da ética dos poderosos? Da do código de conduta de alguns detentores de cargos públicos e gestores de empresas que se protegem a si próprios com silêncios e depoimentos no sentido de arrecadarem a parte de leão? Falam da norma que determina aumento zero para os de baixo e aumentos significativos para a gestão? Referem-se a decisão “altruísta” que regula aumentos à taxa mínima para todos, sendo que para o debaixo esse valor é pouco mais de zero, quando para eles a mesma percentagem corresponde a milhares?
Tudo isto é ética, mas não certamente a ética republicana, a ética democrática…
Por isso a consciência não lhes pesa, até porque se a consciência pode ser sinónimo de moral, essa de certeza eles não têm!

Sem comentários:

Enviar um comentário