Não me repugna por isso que determinados subsídios sociais, nomeadamente o chamado rendimento mínimo, careçam de retribuição de quem o recebe com trabalho comunitário. O trabalho, o comunitário em particular, não pode ser encarado como uma penalização, deve até ser uma reivindicação de todos os que atinjam a idade indicada e tenham destreza física ou mental para o fazer.
Sou de esquerda e sou em ultima análise simpatizante, ou militante da causa comunista. Neste lado da barricada, o trabalho nunca nos meteu medo, antes pelo contrário, perdê-lo, recusarem-no isso sim é que nos aflige e nos preocupa. Acresce que no trabalho não tem apenas a componente remuneratória, tem também a contribuição de cada um de nós para a sociedade, que queremos mais democrática, mais justa e mais livre.
Excluo de imediato o envolvimento dos trabalhadores a receber subsídio de desemprego de qualquer comparticipação, nomeadamente trabalho comunitário, na medida em que o que recebem, resulta das suas próprias contribuições enquanto estiveram no activo. Trata-se de dinheiro que lhes pertence, aos desempregados ninguém dá nada, devolvem quando muito parte do próprio investimento para usar a linguagem que o capital conhece.
Sem prejuízo de melhor, ou mais fundamentada opinião, é meu entendimento que temos – na esquerda – que tratar esta questão sem preconceitos e acima de tudo, não podemos permitir que a direita populista use e abuse desta bandeira da esquerda, justa e necessária. O entendimento que muito justamente fazemos de que os subsídios de cariz social, incluindo o rendimento mínimo, são um direito e não um acto de caridade, não pode implicar desresponsabilização na sua atribuição e muito menos funcionar como “o acto de contrição” para ressarcir recalcamentos de classe ou outros com a desgraça alheia. Os subsídios são para reintegrar não podem ser incentivos ao laxismo e à preguiça.
Nós que tantos preconceitos apontamos aos outros quando será que nos despimos dos nossos próprios tabus?
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